A Origem do Mal (Parte 6) Pela visão do Candomblé.
- Aldo Contini
- 28 de fev. de 2019
- 5 min de leitura
Atualizado: 30 de mar. de 2024
E aí gente, tudo bem? Como disse no artigo da semana passada (a-origem-do-mal-parte-5-pela-visão-da-umbanda) as religiões de Matriz Africana tem em si a mesma visão sobre o "mal" ,porém, há divergências em sua totalidade, abordagens diferentes e muitos detalhes complexos e muito importantes. Mesmo assim vamos tentar abordar a ideia do Candomblé sobre isso e entender melhor porque o mal não está tão longe do bem assim. Acredito até que o Candomblé esteja a cima da concepção de bem e mal.
A Origem do Mal - Candomblé - "O Mal está em torno do bem".

"Ifá (oráculo utilizado por Orunmilá) transmite ao homem sua sabedoria e lhe disse que: todas as entidades e seres da criação podem ser influenciados por uma ou outra força, já que as mais nobres ou generosas têm suas paixões e vinganças e as malvadas podem abrir a trilha da prosperidade e o bem, ou seja, o bem pode fazer o mal e o mal pode fazer o bem. Tudo depende do conhecimento que se tenha dos distintos caminhos e do arbítrio no cumprimento dos ditos de Ifá."
Só pra esclarecer, não vai dar para explicar aqui quem é quem no Candomblé porque se não seria um artigo muito extenso, por isso, deixo links para quem quiser se aprofundar mais nas informações. Então, foco no mal!
O "mal" no Candomblé diferentemente das religiões cristãs não é controlado por alguma "força superior" que possa dar a ideia de controle sobre o mal, como tão pouco uma que controle também o bem, não há separação, por exemplo, na visão cristã vimos as coisas como:
O céu e o inferno, o mundo dos anjos e o dos demônios, o sagrado e o profano,. É...no Candomblé não é assim.
Não há sequer distanciamento entre bem e mal e nenhuma moral de certo ou errado, porque na magia, como tudo na vida, tem o seu lado bom e o seu lado mal e são os homens que escolhem como utilizar ela aqui na terra enquanto vivos.
Não há algo que você não possa fazer por causa de um castigo de um Deus. Cada coisa que o homem escolhe fazer será avaliada e se necessário punida aqui mesmo, nada de arder no inferno, perder a eternidade ou por as coisas na conta do Pecado Original como vimos na "Origem do Mal Parte 1 Pela visão Cristã" como é feito pelas religiões cristãs.
Já que o mal não é uma consequência do pecado, então não dá pra dizer também que seja obra de um ser como o Diabo (onde a igreja católica erradamente demonizou Exu com o mesmo arquétipo, com chifre, rabo, pele vermelha, etc...). É importante reafirmar que isso não quer dizer que o mal não esteja por aí. É como se estivéssemos em um jogo onde não podemos nos enganar, onde temos que usar a inteligência para saber distinguir entre um e outro, fazer o bem a todos e fugir das tentações que estão no mundo.
Uma boa razão para agir assim é que isso é uma lei natural, nesse mundo, mais cedo ou mais tarde o tempo junto com a lei divina cobrará de todos por seus atos covardes e ruins sobre a Terra, seja de grandes ou pequenas proporções. Pode esperar! 🖐😉
Em um outro texto que li sobre este tema no Candomblé foi dito ainda que devemos encontrar um equilíbrio entre bem e mal que está dentro de cada um de nós (tipo, vem de fábrica) por isso não podemos simplesmente escolher entre um e outro.
Este "Mal" no homem já vem de um destino traçado (para saber mais sobre a ideia de destino no candomblé clique aqui) desde um passado em um "tempo primordial" que já foi vivido e está se repetindo, porém, como não lembramos dos erros e acertos do passado (porque Exu trata de apagar as experiências anteriores no período da infância) devemos recorrer ao oráculo (pelos búzios dos pais e mães de santo) para que seja esclarecido quais os personagem, acontecimentos, relações e até saber qual a melhor estratégia para enfrentar a vida aqui na terra.
Vamos para as Perguntas!

Então se o Candomblé é tão bonzinho assim, porque faz amarrações? Hein?
Esse é um tema bem polemico né? Mas pela visão do Candomblé a coisa é o seguinte:
A magia é usada, e na magia não tem essa de bom e mal, a escolha do que vai acontecer está na mão de quem à utiliza a magia.
Sabe aquela natureza humana de querer conquistar algo a qualquer custo? Então! Alguns querem conquistar coisas mais difíceis de se realizar e vão atrás da magia para isso.
Mais uma vez a culpa do "fazer o mal" vem do homem, porque é ele que escolhe e decide o que quer. Aí é que está o X da questão! Quem escolhe a magia como meio de conquistar as coisas tem que discernir muito bem o que quer , porque a maneira que isso vai ser conquistado deve ser muito levado em consideração, até porque por nesse "meio" há pessoas e até vidas em jogo.
O Candomblé diz que a intenção da utilização da magia para amarração é consertar alguma coisa errada na vida de uma pessoa, para isso você deve recorrer a alguma entidade, primeiramente aos Orixás, depois à alguma entidade que seja mais próxima do nosso plano, que são: os Exús e as Pombagiras.
A intenção é com que todos façam o bem e use estas entidades como aliados para prática do bem, mas como já sabemos a magia tem duas faces e quem escolhe qual lado dessa moeda terá mais importância é você, livre-arbítrio.
Pode me dar um exemplo que amarração não é legal?
Claro! O negócio é o seguinte, aprendemos como funciona o mal e o bem na magia certo? Você tem consciência que vai forçar alguém a fazer algo que não quer, pelo menos não de forma voluntária, mas tá bom, você decide fazer uma amarração mesmo assim, quer ficar muito com essa pessoa. Maaaas, imagine que há outra pessoa que também quer ficar com essa mesma pessoa que você e também faz uma amarração, e aí? o que vai acontecer? Quem vai ganhar? A resposta é: Ninguém! Tudo vai virar uma grande confusão onde é muito provável que todas as pessoas envolvidas (inclusive a tão querida e disputada pessoa) sofram, isso se transforma em um looping de interferências e alterações do destino.
Aí você se dá conta disso e tenta desamarrar, vai lá e consegue com sucesso! Legal né? Não! Tarde demais, muitas mudanças já foram feitas e as vidas de todas as pessoas envolvidas nunca mais serão as mesmas.
É dito que isso acontece com muito mais frequência do que se imagina! Mas é claro que quem faz nunca vai falar que fez.
Ué, então se a intenção é fazer o bem, porque eles amarram aquela propaganda no poste pra você ir lá e eles trazerem a pessoa amada já que isso só trás sofrimento?
Pois é, pelas conversas que tive com os amigos que são do Candomblé (levando em consideração que há vertentes dentro da religião) o que mais ouvi foi: O Candomblé é pé no chão, caridade, sorriso, humildade, estudo, mas mesmo assim as pessoas são livres.
O mal feito aqui se paga aqui, as pessoas sabem disso e mesmo assim acabam buscando a amarração.
Fazendo minhas pesquisas também vi muito apelos para que as pessoas não façam amarração porque isso é realizado por médiuns despreparados que fazem um mal que não conhece somente pelo dinheiro.
"O mundo é redondo para que ninguém possa se esconder nos cantos".

Por essa semana é só, aqui encerramos os estudos sobre a origem do mal, aprendemos muitas coisas e refletimos sobre isso nas religiões e outras vertentes filosóficas e tenho certeza que ainda falta muito para pesquisar e se aprofundar, a intenção aqui foi somente uma breve reflexão sobre o mal, o que é algo que sempre convivemos porém não paramos para raciocinar e as vezes evitar. Espero que tenham gostado e aprendido um pouquinho. Obrigado e semana que vem tem mais novidades por aqui! Questionemos sempre!
Aldo Contini.
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