O Nascimento da Filosofia Grega.
- Aldo Contini
- 10 de jan. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 20 de fev. de 2023
O que aconteceu para a Filosofia nascer? Quem foram os principais personagens que pensaram em pensar? Porque? Vamos pensar também?

Um breve passeio pela história...
Hoje nosso texto terá uma abordagem histórica. Na verdade, não tem como fugir muito da história né? Ainda mais quando vamos falar de algo que aconteceu entre o Séc VIII - VI a.c. Aqui pretendo esclarecer de maneira clara e objetiva a origem do nascimento da Filosofia Grega, suas influências, primeiros filósofos e suas ideias. Vamos aprender também algum vocabulário grego, muito usado ainda hoje na filosofia para aproximar ainda mais a gente no entendimento desses pensadores.
Então vamos para Atenas...
Tudo começa em Atenas, que por causa de seu crescimento e de sua localização, foi necessário que os gregos daquela época comercializassem em outras cidades e países. Por esse motivo, tiveram contato com muitos povos de culturas, comportamentos, crenças, religiões, ideias e filosofias diferentes.
Com o tempo a consequência dessa interação deu início a determinados questionamentos. Fizeram comparações dos seus próprios valores a partir da compreensão da existência de valores diferentes, de povos que pensam diferente, causando assim um verdadeiro choque cultural.
Algumas influências que ajudaram no nascimento da Filosofia Grega foram: A Egípcia que influenciou na matemática e a Babilônica que influenciou na astronomia. Além de outras como: oriental, africana e hindu.
Por causa dessa interação com outros povos, como já foi dito, naturalmente tudo começou a mudar e uma das mais importantes mudanças da linha de pensamento se
iniciou quando eles começaram a duvidar e a questionar os mitos (deuses da mitologia), dando assim uma nova opção de pensamento e rompendo assim com uma tradição muito antiga.
Um dia eles olharam para essa ideia de mito, e se perguntaram: Porque isso? Como isso? De onde veio isso? Pra que isso?
Para os primeiros pensadores, os deuses davam respostas provisórias e/ou não suficientes para determinados questionamentos. O mito até ali explicava o mundo por uma crença ainda fundamentada em uma razão fora da natureza, e foi no rompimento dessa ideia mítica que se iniciou a ideia da razão (logos), e que foi apresentada com uma nova opção de pensamento para a humanidade.
Quem foram os primeiros pesadores?
Pré-Socráticos - Sai o Mito, entra o Logos.

Os primeiros filósofos são conhecido como pré-socráticos, não somente por ser antes de Sócrates mas também por ter a característica de buscar na natureza (Physys) a explicação da origem (Arché) das coisas e da vida a partir de um determinado elemento. Vamos conhecer esses caras...
Tales de Mileto (o primeiro filósofo que temos registro) entendeu naquele momento que a “Água” seria esse elemento.
Anaximandro de Mileto (discípulo de Tales de Mileto) entendeu que a Arché seria o “Ápeiron” (o indeterminado).
Anaxímenes de Mileto (também discípulo de Tales) entendeu que a Arché seria originada do elemento “Ar”.
Esses primeiro filósofos com essa característica de observar os elementos também abriram caminho para a Ciência.
Usando a mesma linha de pensamento baseada na observação porém encontrando sua ideia de Arché (origem) em algo que não vem da natureza, Pitágoras de Samos diz que o “Número” é a essência de todas as coisas, inclusive, Pitágoras além de toda essa convicção lógica tinha também seu lado místico e fundou uma Seita religiosa onde se acreditava na reencarnação e que em cada nova encarnação se busca a evolução até chegar na harmonia numérica perfeita, curioso não? Será que Potagoras influeciou o Espiritismo que conhecemos hoje?
O primeiro conflito.... Mobilismo (crença que a vida é movimento) x Imobilismo (nada muda, é tudo uma ilusão).
A favor do mobilismo temos Heráclito de Éfeso - Ele entendeu que a vida muda o tempo todo de maneira ordenada, diz que “não se pode banhar no mesmo rio duas vezes”, porque na segunda vez nem o rio e nem você é mais o mesmo. Esse fluxo constante ele vai chamar de devir e que há uma razão (logos) no universo que mantinham esse fluxo constante e organizado.
Já do lado do imobilismo temos Parmênides de Eleia - Este filosofo entendeu que só se obtém conhecimento pelas vias da razão e da opinião.
Razão - Ele diz que o universo é único e infinito (uno) não se move e não se pode mudar. Segundo ele, que achamos que muda é nossa opinião conduzida por uma ilusão das sensações.
Usando como base essas duas ideias anteriores temos Empédocles de Agrigento - Empédocles tenta conciliar o mobilismo e o imobilismo e diz que os dois são verdade, o que se move está associado aos quatro elementos que originam tudo (água, fogo, terra e ar) e o que não se move são o amor e o ódio, ou seja, o amor constrói, o ódio destrói mas eles são “forças” que não se movem.
O Atomismo - tudo nasce do choque entre os átomos.

Demócrito de Abdera (discípulo de Leucipo de Abdera) - Sua ideia de Arché é fundamentada no atomismo, ou seja, partículas indivisíveis e invisíveis que se moveriam no vácuo, criando assim a realidade que conhecemos (Essa ideia também acaba de alguma forma juntando o mobilismo, ou seja, movimento dos átomos e o imobilismo, ou seja, o vácuo).
Essa criação vem do choque constante e desordenado desse átomos que permite a criação quando se aglomeram e a destruição das coisas quando se repelem.
Glossário:
Logos - A palavra grega "logos" tem significado amplo e foi utilizada, ao longo da história da filosofia, de diversas maneiras, pode ser considerada tanto um primeiro conceito filosófico para razão quanto um princípio de ordem e beleza universal, de acordo com o período e filósofo que a empregou.
Physis - Physis é uma palavra de origem grega. Deriva de um verbo, que significa fazer nascer, fazer brotar, fazer crescer, produzir. Os filósofos gregos pré-socráticos pregavam que Physis é o elemento primordial da Natureza, eterno e em perene transformação.
Arché - O arché é um termo fundamental na linguagem dos filósofos pré-socráticos, dado que é caracterizado pela procura da substância inicial de onde tudo deriva e é também a ideia mais antiga na filosofia, já que se tornou no ponto de passagem do pensamento mítico para o pensamento racional.
Bom... eu acho que com isso já temos uma introdução bem legal na questão histórica. Por essa semana é só, e nunca se esqueçam de questionar sempre...
Aldo Contini
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